segunda-feira, 7 de agosto de 2017

Jolie Kiemlian Kwee



O

lá pessoal, hoje trouxe mais uma entrevistada, dessa vez ela veio do Rio de Janeiro embora seja paulista e está passando uns dias com a gente na Funed.
Jolie Kiemlian Kwee, 55 anos, é formada em ciências biológicas pela Universidade Santa Úrsula (USU), mestrado em bioquímica na UFRJ e doutorado na USP.

O seu projeto é sobre Metabolismo Tumoral (INCA)
“Eu sou pesquisadora no Instituto Nacional de Câncer (INCA), faz aproximadamente 31 anos que eu trabalho lá.”
“O metabolismo tumoral é mais voltado para pacientes que tem resistência ao tratamento quimioterápico, ou seja, eu procuro ver vias ou formas de contornar a resistência que o paciente tem ao tratamento convencional, eu tento identificar as moléculas no metabolismo dele responsáveis por essa resistência e estudo formas de bloquear essas proteínas aumentando a sensibilidade do tumor ao tratamento. ”

Fizemos algumas perguntinhas:
1-    Por que você escolheu essa área?
“Quando eu entrei no Instituto Nacional de Câncer, eu era estudante de biologia e tinha por volta dos 20 anos, eu sempre estudei a área de bioquímica e eu fui vendo que na minha época existia poucos estudos sobre o paciente em si, sempre se estudava novas drogas, então eu comecei a ler artigos ressaltando a importância de se entender a fisiologia do paciente com câncer, como eu achei interessante comecei a estudar. Esse estudo não é uma novidade, ele existe desde 1930 com Otto Heinrich Warburg que foi um grande cientista judeu alemão que estudava metabolismo tumoral e foi um grande bioquímico, e que só agora nos últimos 10-20 anos que começaram a valorizar seu trabalho, e ai eu comecei a me interessar por essa área, entender o que o paciente tem de forte e fraco, e tentar atacar dentro da fisiologia de cada paciente, por isso que agora a medicina está se tornando mais personalizada, vocês ainda vão escutar muito sobre medicina personalizada, que é a medicina individualizada para cada paciente, não só em câncer, mas em todas as áreas, então estão vendo que pacientes com o mesmo tipo tumoral respondem diferentemente ao mesmo tipo de tratamento, uns respondem e os outros não e isso tem uma razão, a característica está no paciente e não no quimioterápico, agora está se estudando muito mais o paciente, para entender melhor a patologia e escolher a melhor forma de tratamento, foi ai que na minha época eu entendi e comecei a me interessar por isso, estudar a doença e não só as formas de combatê-la.”

2-    Quais experiências ou repercussões você teve nessa área?
“Bom, a experiência é vasta porque na pesquisa a gente tem não só a experiência profissional, mas também a pessoal, o pesquisador tem que lidar com frustrações. Eu costumo brincar com meus alunos que pesquisa é 98% de dados errados e 2% de sucesso, então a gente tem que ser muito persistente para poder trabalhar e estudar em cima disso, ainda mais quando é material biológico.
As realizações são as orientações, os alunos que passam por nós, os trabalhos que conseguimos publicar, teses que a gente orienta, essas são as nossas realizações, digamos assim, é sempre aprender, pois todo pesquisador é um eterno estudante. Eu sou estudante a mais de 30 anos e é uma coisa que eu adoro, estudar e aprender coisas novas.”

3-    Você acha que contribui para o empoderamento da mulher na ciência?
“Sabe que eu nunca pensei nisso, na ciência tem bastante mulher , o problema é que aqui no brasil o pesquisador é pouco valorizado, em termos não só salariais, por isso que talvez tenham mais mulheres na ciência porque os homens não se interessam muito devido aos baixos salários já que no Brasil e em outros países o salário da mulher é menor, então acaba tendo mais mulheres na pesquisa e eu acho também que pela própria valorização aqui no pais, mas a gente contribui bastante, a mulher tem um peso muito grande não só na ciência, mas na educação também, as duas coisas caminham juntas”.

4-    Você acha que vai deixar alguma contribuição para a sociedade?
“Eu não sei se eu vou conseguir, mas eu tento fazer a minha parte em orientações de alunos, não só orientação profissional, mas orientação de vida também, a gente lida com pessoas, tem que ter conduta, postura, profissionalismo, a gente contribui com isso, eu já tenho alunos que estão no mercado, que estão bem, com bons empregos alguns seguiram pesquisas, outros estão na iniciativa privada”.

5-    Qual a relação do seu trabalho com o tema do blog?
“Tudo, porque eu lido com células tumorais, que são células doentes,  infelizmente só soube do blog agora e ainda não acessei, mas eu vou entrar, eu imagino que vocês devem falar tanto de células patológicas quanto de células normais, então eu acredito que a minha parte seria a de células patológicas, células tumorais tem o metabolismo bem diferente das células normais, então eu acho que tem tudo a ver com o blog”.

Essa foi a nossa entrevistada de hoje espero que tenha gostado de conhecer um pouco mais sobre a Jolie e o seu trabalho. Continue acessando o blog, e compartilhe com os seus amigos.

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