sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

Dra. Sílvia Ligório Fialho


O
lá pessoal! Hoje vou falar sobre mais uma funcionária da Fundação Ezequiel Dias Funed), Dra. Sílvia Ligório Fialho, 39 anos, formada em Farmácia pela UFMG, com doutorado e mestrado em Ciências Farmacêuticas também pela UFMG. Seu projeto principal é um sistema de liberação de drogas para o tratamento de diferentes doenças, principalmente oculares e  ncer.

Fizemos algumas perguntinhas:


       1.    Por que você escolheu essa área de atuação?
Na verdade eu sou farmacêutica e desde que eu me formei eu sempre trabalhei na área de desenvolvimento sempre buscando novos medicamentos para tratar algumas doenças. Comecei no mestrado trabalhando na linha de  microemulsão, que é uma emulsão um pouco mais elaborada para tratar doenças tópicas do olho. Fui gostando da ideia de buscar uma nova forma de tratamento para doenças que não são fáceis de serem curadas. Quando falamos de um sistema de liberação, é porque ele vai pegar a droga e levar exatamente para onde é preciso, diferente do que nós temos hoje no mercado, como por exemplo, um comprimido ou um injetável, que ela vai para a circulação sistêmica. Quando eu tenho um sistema de liberação a droga vai ficar mais tempo circulando no organismo e eu não preciso injetar várias vezes, ou eu vou conseguir direcionar para o lugar que eu quero tratar. Pela minha formação, por eu ser farmacêutica e pela dificuldade de tratar várias doenças hoje, que eu passei a gostar dessa linha de pesquisa.


      2.    Por que você acha importante os projetos que você desenvolve?
Porque hoje, infelizmente, muitas doenças oftálmicas levam à cegueira e existe uma dificuldade muito grande de tratamento. Por exemplo, quando eu falo de uma doença da retina, o tratamento necessita de injeções semanais no olho. Então, isso para o paciente é muito doloroso e muito sacrificante, ele não vai continuar fazendo esse tratamento. Quando pegamos um trabalho nosso que consegue colocar um sistema dentro do olho e ele libera por pelo menos dois meses, isso é muito gratificante para o paciente. Eu vejo a importância de tratar uma doença que o paciente não conseguia tratar antes. É o mesmo caso do câncer, por exemplo,  eu consigo direcionar a droga de tratamento para o local de ação, porque o câncer hoje tem o problema que às vezes as drogas matam mais do que a própria doença, com muitos efeitos colaterais. Conseguimos direcionar a droga para que ela vá diretamente para o local que deve ser tratado, diminuindo um pouco os efeitos colaterais dos medicamentos. Com estes medicamentos que desenvolvemos eu vejo a importância de melhorar os tratamentos e a qualidade de vida dos pacientes quando comparado com os tratamentos existem hoje no mercado.

 
     3.    Quais as melhores descobertas que você já teve nessa área?
O projeto que tem mais avançado hoje com muitos resultados positivos, é inclusive o projeto da minha tese, em que desenvolvemos um implante biodegradável, que é como se fosse um comprimido bem pequenininho. Ele tem 1mm de diâmetro por 4 mm de comprimento e  o  objetivo desse implante é tratar doenças  da parte posterior do olho, principalmente a retina. Já fizemos vários estudos com  esses implantes e eles já foram inclusive testados em seres  humanos, o que chamamos de estudos clínicos. Por isso, eu considero um  projeto importante e de grande relevância, pois tem resultados clínicos positivos e nesse momento estamos aguardando financiamento para dar continuidade e aumentar o número de pacientes que podem ser tratados para tentar viabilizar a comercialização.

 
      4.    Em relação à inovação, você tem alguma patente ou texto científico? 
Tenho algumas patentes. Esse implante mesmo que eu falei para vocês  é uma patente nacional e internacional. Temos outra patente de implante para tratamento de toxoplasmose, outra que é de um sistema de liberação de talidomida, na verdade eu acho que são sete ou oito patentes se não me engano, e todas elas são voltadas para sistemas de liberação, sejam eles na forma de implantes ou de nanopartículas. Tem uma que é diferente, pois é de um adjuvante, que é a única que não é um sistema de liberação de drogas, mas sim um adjuvante desenvolvido aqui na Funed para a produção de soros. Artigos científicos eu tenho vários, sobre diversas linhas de trabalhos, mas principalmente na área de oftalmologia, que é o principal foco da minha linha de pesquisa.  Tenho algumas publicações na área de câncer que está começando agora, mas a maioria é na área de sistemas para tratamento de doenças oftálmicas.

 
       5.     Você acha que contribui para o empoderamento da mulher no mundo da ciência?
Acredito que sim. Acho que a partir do momento que a gente consegue levar a ciência para a comunidade, estamos contribuindo de alguma forma, além da publicação de artigos, do desenvolvimento de patentes, temos a formação de muitos recursos humanos. São alunos de graduação, pós-graduação que passam por aqui e acabam levando um pouquinho do nosso conhecimento para  a comunidade. Desta forma, é bastante relevante o que a gente faz em termos de conhecimento. Entre ser mulher ou homem, e não sei se isso faria diferença, eu acho que eu consigo contribuir levando o conhecimento  para outras pessoas.

 
       6.    O que você faz tem haver com o tema do nosso blog?
Sim, inclusive minha Bic Júnior fez uma pequena matéria sobre como os medicamentos atuam nas células. O que a gente faz é tudo voltado pra isso, pois o medicamento atua direto na célula e pode tratar, mas também matar. Então, abordamos como que eles atuam, se eles atuam para o lado bom ou para lado ruim. O que fazemos realmente tem tudo haver com o que vocês fazem. Não trabalhamos exatamente na fisiologia da célula, a bioquímica, mas trabalhamos direcionando o medicamento para ela ou tirando dela. 

 

               Então foi isso por hoje pessoal!

 

Espero que tenham gostado de conhecer um pouquinho do trabalho da Sílvia.  Continuem acessando o nosso blog.

3 comentários:

  1. Parabéns pra Silva!!!!! Quanta competência e profissionalismo!!! Vejo minha mãe sofrendo com a degeneração da mácula e nenhum tratamento resolve.Tomara que várias descobertas sejam realmente de valor para a humanidade!!!!!

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  2. Obrigada!!! Realmente a degeneração de macula precisa de muita persistência para a melhora dos sintomas. E é por causa disso que estamos trabalhando nesta linha para buscar melhores alternativas para pacientes como ela.

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  3. Meninas, Parabéns!! Continuem levando as informações de ciência para a sociedade!

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