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lá pessoal, hoje trouxe uma
entrevista um pouco diferente, uma entrevista dupla.
Entrevistamos:
Matheus de Souza Gomes, 35
anos, graduado em farmácia, mestre e doutor em Biologia Molecular. E Laurence
Rodrigues do Amaral, 38 anos, graduado, mestre e doutor em Ciência da Computação.
Ambos trabalham no Laboratório de Bioinformática e Análises Moleculares e são
pesquisadores e docentes da Universidade Federal de Uberlândia-UFU.
Área de atuação:
Matheus: Bioquímica,
biologia molecular e bioinformática, as linhas de pesquisas variam desde a
analise genômica da presença de microRNA’s e seus precursores em genomas de
plantas e animas, anotações desses genes avaliando a expressão tanto ao nível
de precursor quanto de maduro, avaliação de presença de microRNA’s em
sequenciamento de nova geração. Geração de algoritmos computacionais para a
predição de genes.
Laurence: É cientista de
computação, e trabalha na área de inteligência artificial, mas precisamente na
área de algoritmos genéticos, aprendizado de máquinas, na área de
bioinformática, dentro desta fornece todo o aparato, todo suporte computacional
para as análises que o professor Matheus necessita. Trabalhamos com grandes
computadores, com clusters de computadores, com computação paralela, computação
distribuída, banco de dados e mais uma série de outras áreas relativas à área
de computação.
1- Por
que vocês escolheram essa área de atuação?
Matheus:
Na verdade eu fui apresentado para a bioinformática em 2004, e desde então eu
achei uma área interessante e desafiadora. É uma área que eu consigo ver uma
resposta rápida, que é carente de profissionais. Essa área permite uma riqueza
de informações muito grande e com uma importância na pesquisa muito grande também,
gerando um impacto prático no que a gente faz na pesquisa. A bioinformática é
uma área nova, porém muito desafiadora.
Laurence:
Eu concordo com o professor Matheus, eu acho que uma das coisas que mais movem
a bioinformática é o desafio constante no qual você é apresentado todos os dias.
Você vai trabalhar todos os dias, com coisas diferentes, com desafios
diferentes. Em minha opinião, o melhor de tudo é que aquele resultado que você tem,
você consegue enxergá-lo voltando para a sociedade. Conseguimos encontrar
coisas que seriam manualmente impossíveis de serem obtidas e aquilo reflete em
produção cientifica, e também em retorno à sociedade. Conseguimos encontrar
coisas que ajudam no tratamento de doenças, na busca de alimentos mais
saudáveis e ricos.
2- Por
que vocês acham importantes os projetos que desenvolvem?
Matheus:
Primeiramente o projeto tem como objetivo trazer algo novo para a ciência, se
possível para a sociedade em termos práticos, mas também tem o intuito de
formar alunos, levar conhecimento para alunos de graduação na parte de
pesquisa, iniciação de pesquisa na ciência e geração de conhecimento para ser
utilizado por outros pesquisadores na publicação de artigos, sendo citados, e
etc.
Laurence:
Em minha opinião, além disso, você ainda tem o viés da nossa sociedade da era
da informação, nos conseguimos gerar conhecimento, motivar nossos alunos a
utilizarem plataformas digitais na geração desse conhecimento é algo atrativo,
que chama atenção, algo desafiador bem diferente de outras áreas que você tem
uma forma linear de trabalhar. Os nossos desafios jamais são lineares em cada
dia nos temos um desafio diferente, somos desafiados a fazer coisas melhores, que
funcionem mais rápido e que obtenha um resultado com uma maior eficiência.
3- Quais
as melhores descobertas que vocês tiveram?
Matheus:
Na verdade eu não digo “melhores” porque eu acho que toda descoberta tem o seu
espaço reservado, mas atualmente a busca e a mineração de dados tem nos trazido respostas muito interessantes
em relação a biologia. Não só a biologia, mas também na área da saúde, na área
medica com a busca por biomarcadores, na busca pela presença de genes em genomas.
Acho que esses dois enfoques são os que têm mais impacto na nossa pesquisa, a
busca por biomarcadores e a identificação de genes em genomas.
Laurence:
Além disso, conseguimos, utilizando essas ferramentas de mineração de dados,
trabalhar em prol da pesquisa de doenças como câncer, doenças negligenciadas,
ajudando os pesquisadores a aumentar a velocidade das suas pesquisas, a
quantificar o que aquela descoberta pode trazer para toda a sociedade, não só
cientificamente, mas também de uma forma geral.
4- Em
relação à inovação vocês têm alguma patente ou texto cientifico?
Matheus:
Tenho sete patentes, minha participação nas patentes foi voltada para a
utilização dos dados biológicos, e através desse dado biológico adicionar um
viés computacional, adicionar a bioinformática para auxiliar na busca por
respostas biológicas. A bioinformática é o motor da inovação hoje na biologia,
na biotecnologia e na área da saúde, essa geração de conhecimento acima do
conhecimento às vezes não gera patente, mas gera um conhecimento que vai ser
utilizado para poder produzir uma patente posteriormente.
Laurence:
Dessas sete eu trabalhei em três, foi algo novo para mim, foi muito
interessante, muito legal criar algo que pode vir a virar um produto, um
produto que possa chegar para todos.
5- Como
vocês veem o empoderamento feminino na ciência?
Matheus:
A nossa área tem muita mulher, e eu falo muita mulher em relação às outras
áreas, e a capacidade da mulher é a mesma do homem. Eu acho que na ciência não
existe uma distinção, principalmente por que quando você escreve um artigo você
cita o sobrenome, e o sobrenome é sem gênero você não sabe o primeiro nome, você
só sabe o último. Não consigo mensurar e colocar em uma balança quem é melhor,
pra mim os dois são. Eu acho que a colaboração vai da capacidade da pessoa e da
vontade de querer aprender, a nossa área é um pouco diferente, nossa área tem
um público feminino bem presente, vou dar o exemplo do meu instituto, lá são
quatro homens e seis mulheres, todos pesquisadores. Tem mais mulheres e se me
perguntar quem são os melhores se são homens ou mulheres, para mim é igual acho
que cada um tem o seu papel na sua área, eu não consigo visualizar alguma diferença,
mas eu sinto na ciência em geral que a mulher tem uma menor participação.
Laurence:
Eu compartilho da opinião do professor Matheus.
Então essa foi nossa
entrevista, espero que tenham gostado de conhecer um pouco mais do trabalho
dessa incrível dupla.
PARABÉNS pelo Blog. Uma iniciativa muito valiosa na disseminação da pesquisa. Um incentivo aos jovens que estão escolhendo suas profissões.
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